quarta-feira, 1 de junho de 2011

1 de Junho - Dia Mundial da Criança!


Hoje comemora-se o dia Mundial da Criança, será? - Ou isto não passa de uma farsa?

Vejamos se é realmente o dia Mundial da Criança:

Temos, em Portugal, cerca de 40% das nossas crianças no limiar da pobreza;

Temos, neste País à beira Mar plantado, + de 15% de crianças no limiar da pobreza, com um risco elevado de fome;

Temos, neste nosso País, 40% de crianças vítimas de bullying;

Tivemos um aumento de 100%, no ano de 2009 face a 2008, de aumento na prostituição de menores, ainda não temos os dados de 2010, comparativamente a 2009;

Temos cerca de 13% de crianças vítimas de maus tratos, isto baseado naquelas que foram assistidas em Hospitais, receia-se que este valor represente apenas 1/3 da realidade;

Por isso e por tudo aquilo que aqui não é referenciado afirmo que o dia que hoje se comemora é uma farsa, farsa para “Inglês” ver.

Farsa porque continuamos a reduzir os direitos de protecção e educação a centenas de crianças cujos pais estão no limiar da pobreza e que por isso ficam sem possibilidades de ir à escola e ou ter acesso a uma dieta alimentar mínima.

Farsa porque continuamos apenas a olhar e a trabalhar para estatísticas esquecendo a realidade que é tão simplesmente 1% representa uma em cada 100 crianças sofre e ou é vítima dos itens que essa mesma percentagem significa, e uma criança é de deve ser sempre uma criança, por isso protegida, educada, socializada, e claro alimentada, com os direitos, não só de uma criança, mas de um Humano.

Farsa porque olhamos apenas ao quanto ganhamos em centralizar serviços e aglomerar crianças em locais (quase campos de concentração) que são construídos com o objectivo de aumentar o numero de horas em que essas crianças estão longe da família e dos locais onde vivem, isto porque os pais cada vez tem de trabalhar mais horas para conseguir responder aos encargos que tem e que são obrigados a ter para poder criar condignamente os seus filhos.

Farsa porque aumentamos a distancia desses mesmos centros (centros de educação centralizados) dos locais de residência e por isso perdemos mais tempo em transportes e deslocações e damos menos tempo às nossas crianças.

Farsa porque cada vez mais privamos as nossas crianças dos seus núcleos familiares, porque acima de tudo pensamos nas nossas próprias comodidades e vontades em vez de pensarmos nas vantagens que um núcleo familiar forte e social poder dar, e dá, às crianças.

Farsa porque cada vez mais despejamos as nossas crianças em frente a um computador e ou consola de jogos enquanto nos fechamos numa sala a dormir a sesta, a ver televisão e ou nas redes sociais, em busca daquilo que rejeitamos no nosso dia-a-dia.

Farsa porque quando estamos em plena crise financeira, crise social, crise de identidade social e nacional, crise de valores educacionais e familiares, em fim quando estamos em verdadeira crise no sentido, ainda mais, descendente, a nossa classe de políticos e dirigentes dá o pior exemplo, usando a crítica destrutiva, apelando à divisão, recorrendo ao escárnio e mal dizer, praticando a política do “ou eu ou nada” e em caso de “nada” que esse “nada” seja não 0 mas abaixo de 0.

Assim deixo aqui o apelo a todos os pais, a todos os avós, a todos os familiares de todas as nossas crianças que se por eles próprios nada fizerem, tenham pelo menos a coragem de fazer pelas vossas/nossas crianças.

Deixemo-nos de uma vez por todas de dizer que os outros deviam de fazer e ou que os outros nada fazem, sejamos nós, tal como os nosso avós e pais fizeram, a ser os primeiros a fazer pelas nossas crianças.

Deixemo-nos de uma vez por todas de ficar à espera que um dia isto mude, sejamos nós próprios os primeiros a mudar e a dar o exemplo, sendo solidários, amigos, companheiros, participativos e tendo a capacidade e coragem de fazer pelos outros, e acima de tudo, pelas crianças, aquilo que gostávamos que fosse feito por nós e pelos nossos.

Não se esqueçam as crianças de hoje serão e vão ser os adultos de amanhã, por isso quando fizerem, ou não, alguma coisa pelas crianças de hoje, amanhã terão destas mesmo crianças, já adultas, o troco daquilo que fizeram e ou disseram.

Que sejamos capazes de em pouco tempo comemorar, sem hipocrisia e sem falsos rostos de felicidade, comemorar verdadeiramente o dia Mundial da Criança, que sem duvida deve de estar agregado ao Dia Internacional da Família, pois uma criança sem família não é nem pode ser verdadeiramente feliz, por isso não pode ser verdadeiramente uma criança, porque a felicidade deve ser parte, obrigatória, da vida de uma criança, para que amanhã possa também ela ser um adulto feliz e capaz de dar e criar felicidade a outras crianças.

Bem-haja quem pelos dias e pelos adultos de amanhã, hoje fazem a sua caminhada baseada no exemplo, no trabalho, na educação e na transmissão de valores.
Autor: Marcos Amaro

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